
A busca por estratégias integradas que promovam o bem-estar mental tem se tornado uma prioridade na prática clínica contemporânea. Como Psicólogo, minha indicação recorrente aos pacientes é a incorporação de exercício físico aliado à psicoterapia. Recomendo aos pacientes explorar diversas opções de atividades físicas até encontrarem aquela com a qual se identifiquem, além disso, destaco a importância de buscar orientações técnicas de um profissional da área da Educação Física caso decidam seguir regularmente com a prática de exercícios. Essa abordagem não é apenas baseada em minha experiência clínica, mas encontra respaldo técnico e científico.
As Razões para a Prática de Exercícios
Peixoto (2021) destaca um modelo teórico o qual identifica sete motivadores para a prática de exercícios. Controlar o peso, promover o condicionamento físico, preservar a saúde, manter o tônus muscular, buscar a atratividade física, cultivar o humor e encontrar diversão são dimensões cruciais que motivam as pessoas a adotarem uma rotina de atividade física.
Evidências Científicas: Exercícios e Bem-Estar em Todas as Fases da Vida
Edwards et al. (2004) e Elavsky et al. (2005) ampliaram nosso entendimento sobre os benefícios dos exercícios físicos relacionados a saúde mental. Ao analisar a associação entre diferentes modalidades de exercícios e esportes com o bem-estar físico, psicológico e autoestima, essas pesquisas mostram que a prática regular contribui positivamente para a percepção de bem-estar.
No estudo de Edwards et al. (2004) comprovou-se que esses benefícios se estendem tanto para universitários quanto para a população idosa, demonstrando a versatilidade e a potencialidade dos exercícios físicos em todas as fases da vida.
O Docente do Centro de Educação Física e Desporto (CEFD) Felipe Barreto Schuch destaca ao site da UFSM (2019), a intensa relação entre saúde mental e física. Suas pesquisas e evidências indicam que “pessoas mais ativas têm menor probabilidade de desenvolver depressão e ansiedade”. Além disso, a atividade física demonstra eficácia no alívio dos sintomas de uma variedade de transtornos, incluindo esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar.
O aumento da quantidade e qualidade das pesquisas nesta área nos últimos anos fortalece ainda mais a conexão entre exercícios físicos e saúde mental.
Pacientes com Transtorno Depressivo Maior na Clínica Contemporânea
Conforme a Médica Psiquiatra Bruna Campos, ao portal do Médico Drauzio Varella em reportagem escrita por Ribeiro (2023) “Na abordagem da depressão, tanto o exercício aeróbio quanto o de resistência demonstraram eficácia na redução dos sintomas quando mantidos por, aproximadamente, 90 minutos semanais, o que equivale a cerca de 30 minutos, três dias por semana”.
Entretanto, é relevante destacar que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) enfatiza que qualquer atividade física é melhor do que nenhuma, e mesmo aqueles que são inicialmente sedentários podem experimentar melhorias na saúde com um volume de exercício físico menor.
Atualmente, as recomendações da OMS indicam de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para todos os adultos, além de uma média de 60 minutos diários para crianças e adolescentes. Contudo, é importante ressaltar que esses valores representam o cenário ideal. Para aqueles que estão começando a se exercitar, a sugestão é começar de forma gradual e aumentar o ritmo aos poucos destaca a Médica Psiquiatra.
A prática de exercício físico em pacientes deprimidos pode reduzir os sintomas devido a diversos mecanismos psicofisiológicos.
O exercício estimula a liberação de endorfinas, neurotransmissores associados ao bem-estar, aliviando sintomas depressivos. Além disso, o aumento do fluxo sanguíneo no cérebro melhora de forma significativa a função cognitiva, promove interações sociais e sensação de realização, fatores que contribuem para o enfrentamento da depressão.
Um Caminho Complementar para o Bem-Estar Integral
Ao considerar a singularidade do processo psicoterapêutico, é crucial reconhecer as estratégias complementares que podem potencializar seus efeitos. A recomendação da prática de exercícios físicos como aliados à psicoterapia não é apenas uma tendência, mas uma abordagem sustentada por evidências científicas e experiências clínicas. Embora o processo psicoterapêutico seja único para cada indivíduo, a inclusão de estratégias complementares em paralelo a Psicoterapia, como a atividade física, pode ser um caminho valioso na redução da sintomatologia de diversos transtornos e na promoção de um bem-estar integral favorecendo a melhoria clínica de alguns pacientes.
Abaixo os estudos na íntegra:
https://psycnet.apa.org/record/2004-15257-004
